A atividade industrial global declina mais rápido do que o projetado e atingiu seu mais baixo nível desde setembro de 2010, confirmando a desaceleração no crescimento da economia mundial.
O Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês), que mede a atividade de milhares de fábricas em torno do mundo, caiu nos EUA, China e Europa. A atividade declinou também na Índia, Coreia do Sul, Taiwan e Austrália “A desaceleração no crescimento econômico é quase global”, afirmou Chris Williamson, economista-chefe da consultoria britânica Markit, que elabora o PMI.
A expectativa é de que o barril do petróleo, que chegou a US$ 125 no fim de abril, custe menos de US$ 90 até o final do ano, na medida em que a demanda global diminui. Menor custo de energia deve por sua vez reduzir os preços de alimentos e metais industriais.
Os dados divulgados ontem mostram que a ruptura do fornecimento de peças pelo Japão para a indústria automotiva e o setor eletrônico afetou a produção global mais do que se previa, ampliando a anemia do crescimento nos países desenvolvidos. Outro elemento forte na queda dos PMIs é que os altos preços das commodities atingiram o consumo. A correção nas cotações das matérias-primas no começo de maio dá um alivio, pelo menos no curto prazo.
Para o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, a desaceleração global será curta. Argumenta que a recuperação de EUA, Europa e Japão é mais arraigada agora do que quando a atividade global diminuiu em meados de 2010. Mas outros analistas esperam mais desaceleração global, sobretudo quando políticas de estímulo estão sendo retiradas e até os EUA estão indo na direção de aperto fiscal, e o cenário dos desenvolvidos afetará o resto do mundo.
“O crescimento pode continuar razoavelmente robusto nas economias emergentes, mas isso não pode ser compensado pela recuperação vacilante nas economias avançadas”, estima Andrew Kenning, da consultoria Capital Economics.
O Índice de Gerente de Compras do JP Morgan -Markit caiu de 55.0 para 52.9 em maio, a terceira queda sucessiva e a maior desde o pior da crise financeira global em 2008, e segue o que já aconteceu com o PMI de serviços.
A queda da atividade afeta quase todas as grandes economias. Nos EUA, o esfriamento da produção industrial é atribuído à crise na produção automotiva por causa da interrupção da cadeia de fornecimento pelo Japão. Em geral, as indústrias continuam sofrendo fortes pressões de custos.
Outro relatório divulgado ontem mostrou que a criação de emprego no setor privado nos EUA caiu em maio, elevando temores de que a recuperação é de fato mais fraca do que esperada. O relatório diz que “a desaceleração no emprego, embora decepcionante, não foi uma surpresa total”.
Indicadores de construção e consumo têm sido fracos desde o começo do ano. Nos últimos 18 meses, o excesso de casas não ocupadas nos EUA caiu em todo caso para 1,8 milhão de unidades.
Na zona do euro, o PMI também caiu fortemente em maio, confirmando que a recuperação europeia está perdendo fôlego, em meio a uma demanda doméstica desapontadora. Indicadores sugerem que a Alemanha e França estão desacelerando mais, depois de forte crescimento no começo do ano. A atividade industrial no Reino Unido cresceu no seu menor ritmo em quase dois anos. Embora o crescimento alemão continue forte, para os padrões europeus, não é suficiente para ajudar as economias da periferia próximas ou na recessão.
Entre as economias desenvolvidas, a única exceção foi o Japão, com recuperação na produção manufatureira em maio – no entanto, o resultado deveu-se à grande queda em abril provocada pelo terremoto e tsunami; analistas, inclusive, esperavam uma recuperação maior. A expectativa é de que as companhias japonesas vão acelerar a produção em junho.
A desaceleração nas economias avançadas está afetando o resto do mundo, mas a desaceleração nos emergentes é muito mais moderada. O índice PMI para a China mostra queda marginal, confirmando em todo caso que a segunda maior economia do mundo e principal parceiro comercial do Brasil desliza para uma “aterrissagem suave”.
A expansão dos lucros de indústrias chinesas também caiu para 29,7% nos primeiros quatro meses do ano, comparada a ganho de 32% no três primeiros meses, na medida em que o governo elevou os juros e reduziu os empréstimos para combater a inflação e limitar riscos de bolhas de ativos.
Outros dados mostram que o crescimento econômico da Índia foi de 7,8%, abaixo dos 8,1% esperados pelo mercado. A atividade no setor de serviços continuou robusta, mas a produção de bens de capital diminuiu depois de forte aceleração no ano passado.
A Austrália também registrou contração, no maior ritmo desde a recessão de 1991, devido ao impacto de enchentes no país. Mas a expectativa é de que o crescimento será retomado nos próximos trimestres. Na Coreia do Sul, a produção industrial diminuiu e as exportações caíram em maio. No México, o desemprego foi de 5,1% em maio, contra 4,6% em março.
A expectativa é de que a recente “moderação” nos preços de petróleo e de outras commodities dê espaço para os países desenvolvidos voltarem a se recuperar no segundo semestre. O preço do barril de petróleo poderia ficar abaixo de US$ 90 até o fim do ano, nas projeções da consultoria Capital Economics, no rastro de menor demanda, menor prêmio de risco por causa da situação no Oriente Médio e recuperação do dólar. (Com agências internacionais)
(Fonte INPI)
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