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Em 2032, o made in Brazil será muito mais visto, ouvido e consumido. As novas tecnologias prometem não apenas impulsionar a produção intelectual, com uma maior concessão de patentes a produtos brasileiros, mas também deve consolidar a expansão da indústria audiovisual no mercado doméstico e internacional.

— O Brasil tem uma grande vocação para o audiovisual. Se o país conseguir absorver rapidamente as novas tecnologias, vai ter um dos cinemas mais vistos do mundo. E sobretudo vai atrair muito a curiosidade internacional — prevê o cineasta Cacá Diegues. — Acredito que os rumos da produção cultural no Brasil vão passar pela internet, que vai cada vez mais se expandir, principalmente com tecnologias voltadas para a integração com a televisão. Isso vai fazer com que o consumo doméstico seja alavancado, enquanto o público das salas de cinema e concertos vai diminuir. Podemos dizer que quase todos vão ter um hometheater em casa.

Apesar dos avanços à vista, Diegues alerta para os desafios que as fronteiras livres do mundo virtual podem impor:

— A grande dificuldade será encontrar uma forma de os artistas serem remunerados nesse universo tão pós-industrial, em que não há a segurança da linha de produção e o consumo está disponível de uma maneira gratuita.

Produtora de filmes como “2 Filhos de Francisco” e “Lisbela e o prisioneiro”, Paula Lavigne aposta, na verdade, que a internet ajudará a fortalecer os direitos autorais:

— Acho que daqui a cinco, vinte anos, o mercado vai ter se reorganizado dentro do mundo digital, e a questão dos direitos autorais voltará a ser muito forte. A internet possibilita um mercado muito maior, sem fronteiras. Ainda estamos absorvendo o impacto da era digital. Mas a produção cinematográfica não vai acabar. O formato que vai chegar ao consumidor é que será diferente.

No campo da produção intelectual, a previsão também é de expansão. O diretor de patentes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), Júlio César Moreira, aposta que, nos próximos anos, o país vai conseguir “transformar inovação em invenção”.

Em 2011, foram 31.943 pedidos de patente, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. E a expectativa é de mais crescimento nos próximos anos: o número deve quase dobrar em 2015, com 60 mil pedidos. Em dez anos, as requisições devem chegar a 155 mil, segundo Moreira.

— A produção científica no país é altíssima, mas a proporção de patentes depositadas e aprovadas não acompanha essa proporção. Com certeza, em 2032 estaremos entre os cinco países mais preparados para analisar e decidir o que será produzido em termos de propriedade intelectual no mundo — aposta Moreira.

Hoje, um dos principais empecilhos para o aumento no volume de patentes é a falta de informação sobre os processos e de padronização na análise dos pedidos.

— Em 20 anos, o país já vai ter avançado nas fronteiras tecnológicas, principalmente em áreas como a mecatrônica. A biotecnologia, devido ao tamanho da nossa biodiversidade, também será uma área de expansão. Mas, se não investirmos agora em conhecimento, ficaremos para trás.

Fonte: www.inpi.gov.br